quinta-feira, 11 de abril de 2013

Liberdade: É o direito de fazer o que quer

Me lembro de quando era mais nova e de quando comecei a ir a alguns shows, de como era divertido essa coisa de participar de algo em que eu realmente acreditava e me sentir parte daquilo, além de uma série de coisas que foram super importantes para o meu desenvolvimento e formação quanto humana. Depois de um tempo comecei a conhecer diversos rolês, outras pessoas, outros sons e chega uma hora na sua vida onde você vê que não precisa provar nada para ninguém, que nunca precisou, que sua roupa não vai definir seu caratér ou que seu sapato não é o que dita sua postura. Nesse meio de descobertas, e vivências, saídas pelos botecos antes de toda essa especulação imobiliária da Rua Augusta, e do baixo centro, idas ao Espaço Impróprio e posteriormente ao Sattva Bordô, acabei ficando um período sem ir ao Hangar 110 por algum tempo, lembro que a última vez que fui lá foi em meados de 2009.
Soube que no fim de semana 06 e 07/04 haveria show do Dead Fish, combinei com uma amiga e fomos no sábado, já que eu iria ao Bad Brains sexta, e era pra se sentir com coração de adolescente novamente, tudo seria feito em sequência e separei o fim de semana para isso.
Fomos, e na porta aquela mesma sensação de início de rolê no Hangar, a diferença é que estávamos mais velhas e encontrar amigos seria uma tarefa mais difícil, que a alguns anos. Entramos, casa cheia, o que era de se esperar, bandas de abertura e a galera animada, achamos um espaço na lateral esquerda do palco e fomos.
Dead Fish entrou, e o show correu como era de se esperar, som animal, pessoal agitando e pulando do palco, até que quando eu observo bem o palco percebo que algumas meninas que subiam para pular, sofriam de um abuso por parte de alguns caras, não dava pra saber direito quem era, ou quantos, só deu pra ver direito mesmo um que ainda ficou rindo enquanto eu ficava constrangida do canto a distância, vendo aquilo.
Nessa hora se passou na minha cabeça a mesma idéia que se passou entre os amigos quando comentei com eles, "Pô! 2013 e ainda tem uns otários que fazem isso", "Não sei se você lembra, mas uma vez o Dead Fish gravou no Hangar 110 e falou sobre isso, ai o mesmo público vai e continua cagando na coisa toda".

Sempre ouço as pessoas falando de hardcore, união, aprendizado, respeito, postura, atitude e diversos outros lemas que criam para se definir quanto independentes, mas muitos continuam com a necessidade de provar para o mundo que o tênis que usam é de uma marca mais legal, que a camiseta que usam é de uma banda mais incrível do meio hardcore e nessa situação entra uma breve reflexão sobre aquilo que eu disse no início sobre provar para os outros o que você é, alguns caras precisam até provar que conseguem se aproveitar das garotas uns paras os outros, o que é lamentável. E ao que parece, realmente acham aquilo engraçado.
Triste é saber que uma porcentagem desses falam mal das meninas que vão aos bailes funks, falam das ditas piriguetes e se aproveitam de garotas que só querem curtir o mesmo som que eles. E se os familiares dessas meninas estivessem ali? Não posso julgar quem vai a bailes funks ou qualquer outro tipo de ambiente diferente do meu, mas sei do que muitos dizem sobre essas pessas por aí e vejo uma parcela desses agindo de uma maneira que julgam ser errada fora de seus ambientes, ou ainda pior que a desses demais ambientes. Sabe por que? Vai tentar passar a mão em uma garota no funk sem ela te autorizar pra você ver o que acontece, rapaz!
Sobre o ambiente, fiquei pensando que o Hangar 110 como uma casa de show, que até onde sei é séria, deve ter as mesmas responsabilidades de qualquer outra casa, ou balada ou qualquer coisa do gênero, em relação a uma pessoa que é agredida fisicamente, porque sim, isso é agressão física, além de um abuso muito sério, e bem, embora seja uma quantidade grande de pessoas, talvez alguns cuidados devam ser tomados.
Eu obviamente não me senti a vontade para comunicar ninguém, até porque, expor alguma dessas garotas dessa forma seria errado da minha parte, ainda mais sem ter certeza de quem eram os babacas.Provavelmente, se alguma delas percebeu isso, com certeza sabe que isso não é algo legal e sabem o quanto é constrangedor compartilhar com alguém, sem saber até que ponto isso realmente será levado ou não a sério.
Sobre o Dead Fish, não tenho um desejo gigante de que isso chegue aos olhos deles, que me contatem para falar sobre, ou qualquer coisa do tipo, mas espero mesmo que o público que costuma ir aos shows, em especial os mais novos, mudem, não falo sobre crescer e quando atingir a maior idade e estiverem com suas namoradas, ao olhar para trás vejam o quanto suas atitudes foram idiotas, machistas e tristes. Espero que mudem agora, a tempo de não precisar olhar para trás e precisar analisar suas atitudes idiotas, machistas e tristes.
Liberdade: É o direito de fazer o que quer. Até mesmo pular do palco no meio da galera, sem que se aproveitem do seu corpo. 
Forte Abraço